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segunda-feira, 12 de julho de 2010

O mundo a meus pés

O meu problema, um dos, é ter o vício de querer viajar sempre, sempre mais, sempre tudo, sempre sempre. Num desses momentos femininos de encantamento total por um par de sapatos, sandálias ou qualquer outra coisa que lhe queiram chamar, de uma marca conhecida muito na moda e que, para cúmulo, combina o melhor de dois mundos, voar e a capital britânica na denominação, dei por mim a fazer o raciocínio de sempre enquanto os virava e revirava, cobiçava, desejava: cem euros de sapatos é muito dinheiro, cem euros por isto? E o remate costumeiro, a conversão imediata Cem euros é uma viagem de ida e volta a Edimburgo. Uma passagem de avião daqui para fora. Podia ser Londres também ou Paris ou Roma ou Milão, Milão ainda mais barato, mas não gosto muito de Milão, ou Berlim. E pronto, ando nisto há meses. Agora com os saldos e promoções embarateceram um bocadito, as ditas chanatas, mas continuam a ser uma viagem a Londres nos pés a arrastar por esse chão imundo e é claro que tirando os breves instantes de ver o pezito de cinderela quarentona encaixado na perfeição na sapatola da moda, uma viagem a Londres é sempre uma viagem a Londres. Ele há livros, há mercados, há musicais, há gente na rua de todas as cores, há Londres, ponto final. Aguardo ansiosamente que desçam para metade do preço. Nesse caso seria só a viagem de ida, o que nos tempos que correm não me caía nada mal.

imagem: Beryl Cook

7 comentários:

  1. Fantástico :) E como te percebo!
    E adoro a frase: "pezito de cinderela quarentona encaixado na perfeição na sapatola da moda" :oP

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  2. Leonor, quanto a saldos, julgo que ainda a procissão vai no adro. Lá para meados de Agosto, hão-de estar pelos 70 a 80%... talvez já nem substituam um bilhete de ida ao Porto. O pior é se o melhor entretanto se foi ou não encontra coisa que lhe sirva. ;-)

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  3. Excelente Leonor.
    Nem imagina como "enfio" este texto. É que eu tenho o que chamo complexo "Imelda Marcus" (salvaguardando a escala, entenda-se)ainda mais irracional que o propriamente dito: é que ando sempre com os mesmos. E, por acaso, nesta altura do ano, com uns desses que fala, comprados em saldo, num dia em que tive de comprar outros, desses que fala, mas que não estavam em saldo. Fiz-me entender? eh eh eh eh

    Mas dizem-me as minhas largas primaveras que o conforto (subjectivo e objectivo) dessa parte corporal que nos liga à terra, é fundamental.

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  4. Eu sabia que me ias compreender... Rais parta os sapatos. Ainda por cima tenho obras em casa que me davam para comprar uns 40 pares desses e fazer uma grande viagem. Só me falta chorar :(

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  5. Ainda há esperança, Luísa ;-)

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  6. Eu nem tenho muito a mania dos sapatos, Maria do Sol. Tenho um hábito estranho, é que gosto ou de botas ou de sandálias. Logo no Inverno ando quase sempre de botas e no Verão de sandálias, dificilmente encontro o meio termo. Quando chega o Verão aqui por casa, praia e até por andar por aí à civil, sem escola, as havaianas estão mano a mano com as sandálias. O conforto é muito importante, claro, se o malvado do meu terraço não se tivesse posto de razões connosco e a mandar água para a cozinha, ainda poderava os ditos mesmos sem saldos e quase esquecia a viagem a Londres:)

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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