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segunda-feira, 11 de abril de 2011

O inferno entre quatro paredes

Segunda pela fresca. Acordo ainda antes do despertador tocar. Estico uma perna e sinto uma gata que me acompanha nesta sorna discreta. Espreguiço-me no enlevo de quem tem finalmente uma segunda de manhã mais tranquila. E desço. Há sol e a serenidade de uma manhã de Primavera carinhosa. Deixo sair as gatas. Tomo o pequeno-almoço nas calmas com a porta da sala aberta para que façam o que mais gostam: entrar e sair a contento. Não há melros agora, penso. E deixo-me acarinhar pelos momentos descontraídos, a paz esperada depois de meses de bulício. E lembro-me. Há que confirmar a reunião, dez e meia ou onze? E penso, O raio da reunião. E repenso É rápido. E relembro de repente o mau humor das últimas reuniões em Dezembro. Uma raiva furiosa de me ver dali para fora o mais rapidamente possível, uma vontade estúpida de não falar com ninguém, de meter a cabeça nas tabelas de Excel, de me escusar a cumprimentos e palavras, ouvir as balelas ocas como um pêndulo entre extremos disparatados onde tudo tem desculpa e a mínima transgressão deve ser punida com reclusão a pão e água, pobres adolescentes que nem o podem ser e, acima de tudo, regressa a vontade de fugir para longe como se estivesse a ser submetida a uma tortura inominável com hora de entrada e saída. A escola são os alunos. Sem eles tudo me parece insuportável entre aquelas quatro paredes.

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