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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Bandas sonoras

Já algum dia vos aconteceu ter uma canção na cabeça, uma melodia, palavras e letras que vos acompanhassem dias, mas dias, ó meu deus, dias a fio? É que há canções que surgem em momentos, como uma resposta a um estímulo, eternamente acopladas a um acontecimento ou a um lugar. Se ouvir Rio, na minha cabeça soa logo 'Wave' ou 'Águas de Março' ou 'Deixa a vida me levar' do Zeca Pagodinho, se for Salvador, 'Tarde em Itapoã' ou 'Reconvexo' da Bethânia. Acontecem-me também palavras soltas ou expressões que puxam outras ou até linhas de textos e filmes que fazem a aparições fugazes. Nos últimos tempos sou também acometida de algo que me atormenta: quando vou entrar para a sala de aula, às segundas e quartas-feiras, os meus alunos amontoam-se sentados no chão. Vou ziguezagueando, pedindo licença euanto se vão levantando e eu progredindo no terreno. E tudo estaria bem se não me viesse sempre, mas sempre à memória um dos episódios d’ 'A Mais Louca História do Mundo' em que o Rei espezinha literalmente o povo para se fazer passar e exclama It’s good to be the King! Vergonhoso, eu sei, mas verdade. Ou quando vejo alguém seguir fiel alguém, razão posta de lado, aparece-me 'A Vida de Brian', You don’t need to follow me! You don´t need to follow anyone! I’m not the Messiah! Mas uma vez recomposta da viagem veloz aos momentos e lugares da minha vida, volta tudo ao normal e continuo a rapariga de sempre. Desta vez não foi assim. Desta vez foram dias. Começou ainda cá e uma vez no destino assombrou-me durante uns três dias, uma metade bem medida dos meus dias em Moscovo. Ponho pé na Praça Vermelha e ecoa I hope the Russians love their children too. Dois passos à frente, a melodia irrompe rapioqueira e em todo o seu esplendor, quase tão bélica e imponente como as paradas soviéticas que me coloriam na imaginação as imagens a preto e branco dos longos anos da Guerra Fria. E vieram Os Openheimer deadly toys, Mr. Krushev said I will bury you, What might save us, me and you is that the Russians love their children too e tudo, tudinho como se o disco estivesse em play e repeat. E foram dias assim. De trás para a frente. It´s probably me.

6 comentários:

  1. Esta música, que não ouvia há anos, foi tema de um dos cromos do Markl esta semana :)

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  2. Pois olha eu quse não ouvi outra coisa durante aqueles dias :)

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  3. Normalmente, são os ABBA que me atacam a cabeça:)

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  4. Credo, Blonde, dou graças por ser o Sting :)

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  5. Isso acontece-me sempre que venho trabalhar de bicicleta. Trauteio músicas dos anos 80 todo o caminho. O que por vezes me aborrece, já que nem gosto especialmente de algumas. Também penso muitas vezes se ficarei o resto da minha vida parada nessa década ou se conseguirei aprender algumas músicas dos dias de hoje...

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  6. É terrível :)
    Forma uns três ou quatro dias assim.
    Beijocas

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