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quarta-feira, 4 de maio de 2011

O fado

Ainda de ressaca por ter aturado as peruas da manhã na distintíssima escola azul-cueca , sim, hoje apetece-me hífen, preocupadas em transformar um incidente merdoso num assunto de estado, chego a casa apressada, movida pela necessidade imperiosa de pôr a máquina de roupa a lavar e ainda na esperança de a secar, à roupa, um roteiro verdadeiramente inspirador para quem como eu odeia trabalhos domésticos. Ligo a televisão, ao mesmo tempo que ponho o computador a postos e mergulho uma hora bem medida no Facebook. Que não, que não foi o Sócrates, que foi o Catroga, que não estão a contar tudo, que vai ser pior, que há-de ser muito mas muito pior. Que isto e que aquilo, ataques à esquerda, à direita, ao centro, ao centro-direita, ao centro-esquerda, se é que existe. O mesmo diapasão nos lados. A mesma desgraceira apocalíptica, o mesmo fim-de-mundo anunciado e temido que, começo a acreditar, alguns até desejam para que possamos carpir em uníssono o infortúnio em uivos histéricos. Desligo o Facebook, desligo a televisão e abeiro-me dos CDs. Escolho um dos meus preferidos, dos Queen, Innuendo e deixo-me embalar. I’m going slightly mad, canta-se. Who isn´t? pergunta-se deste lado. Ai fado, meu rico fado.

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