Uma filha que se despede do pai é um ser frágil, metamorfoseado num corpo franzino e quebradiço, uma vara soprada pelo vento impiedoso de não mais ser, uma menina perdida que largou a mão protectora, a mão que agarra, protege, acarinha. Ontem, enquanto assisti impotente a mais uma dessas despedidas, mais uma vez com os soluços encravados na garganta, vi do lado de lá a menina, a menina de totós a quem o pai fugiu de repente, a criança subitamente desorientada pela ausência, que farei agora sem ti, meu pai. E é isso que somos, eternas meninas cujos pais lhes soltaram a mão. Que farei sem ti agora?
Para a Ana.
Para a Ana.
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