Páginas

terça-feira, 21 de junho de 2011

A insustentável lógica do Ministério da Educação

Corria o mês de Março. Acabada de chegar de uma semana na Velha Albion com os meus alunos, o ambiente era mais uma vez de altercação entre o professorado aquém e além da sala de professores da minha escola azul-cueca. Desta vez não era a avaliação ou os titulares, ai as saudades que eu tenho de um ressabiamento à moda antiga, da malta a contar furiosamente pontos como quem os junta no cartão de grande superfície comercial. Nada disso, o povo até andava relativamente sereno quando o Ministério da Educação se lembrou de fazer acções de formação para classificadores de exames e o povo andava altercado, e muito bem, porque aparentemente teríamos de assinar um contrato de três anos, uma verborreia disparatada que se foi pelo sue próprio pé. Mas pormenores à parte e fora o dito contrato que acabou por nunca aparecer, a ideia nem me pareceu muito mal. Nunca é demais reflectir sobre essa tarefa hercúlea de classificar. O que me pareceu mesmo muito mal, mas mesmo muito mal, foi que com acções de formação em Lisboa eu tivesse sido destacada, convocada, simpaticamente obrigada para frequentar a acção como os mesmos formadores e sobre o mesmíssimo assunto em Coimbra. Não adianta fazer um exercício de lógica, aventar hipóteses, pensar e reflectir ou questionar Mas olha lá se havia uma turma em Lisboa porque é que foste parar a Coimbra? Ninguém sabe. Nem o próprio Ministério que pariu esta bela coisa. Ordeira e boa rapariga, ah como gosto de me sentir tão boazinha, lá dispus do meu fim-de-semana, do meu dinheiro, até hoje ainda ninguém se dignou a pagar as despesas da gasolina, portagens e pernoita, e rumei ao Centro. Linda menina, pois, a que frequentou uma Acção de Formação para classificadores de exames de Inglês. A mesma marmanja que hoje se dirigiu à sua escola azul-cueca, mais uma vez obediente e ordeira, para tomar conhecimento de que tinha sido convocada para classificar exames. E corria tudo bem, excepto a parte de não me pagarem que o povo é povo mas não vive do ar, quando os meus olhos aterraram num pormenor curioso. É que desengane-se quem acha que eu vou corrigir exames de Inglês, exames para os quais recebi formação paga pelo Ministério que ainda não pagou. Era lógica a mais. Vou classificar exames de Alemão. Não é lindo?

3 comentários:

  1. É um bom retrato do que foi a governação socialista na educação.

    ResponderEliminar
  2. Entretanto fui desconvocada, Blonde, o que me pareceu muito bem. O que não entendi é se foi porque mandei um mail muito assertivo ao GAVE ou se foi porque não houve alunos suficientes. Ficarei eternamente na dúvida, já que nunca me responderam.

    Foi excelente mesmo, Carlos,só quem anda cá por dentro é que vê o estrago e o desmiolanço.

    ResponderEliminar

Comments are welcome :-)