Hoje pela hora de saída em dia de
sol de inverno que me tem salvado da neura habitual de Janeiro fomos trocando
palavras e lamentando a triste condição de passar tempos infindos à volta de
papéis e de desmiolanços vários que atendem por pomposíssimas siglas que uma vez
decifradas se resumem a nada e que não se resumindo a coisa nenhuma podiam ter
a humildade de desaparecer das tristes vidas de quem tenta fazer mais do que restringir-se
a estas atoardas balofas. Ele há o PCT, o PEE, o PAA, o PIT. Nenhum deles serve
para coisa nenhuma senão para consumir tempo e energia e claro fazer sobressair
quem gosta de sobressair e quem usa estas siglas para mostrar o que é ou o
que não é, uma espécie de extensão de si mesmo, uma atrelado de atributos estéreis bordejando a vacuidade desses seres balofos. Eu disse Aquilo que eu mais
queria era que me deixassem em paz, sem relatórios,
propostas, avaliação da actividades. Estou farta. Farta. Repetimo-nos e ecoámos como sussurro de nós mesmas entre o chilrear esfomeado da saída da manhã. E por instantes tive saudades desse tempo em que se vivia uma existência
tranquila sem relatórios dos relatórios, avaliações, reflexões críticas,
propostas, PCTs, PEEs, PAAs, PITS e outras parvoíces. Foi rápido passou-me ao
segundo Adeus, Francisco, bom almoço! e ao terceiro Até amanhã. Portem-se bem! e regressou agora apenas para que se faça
texto. Eu não quero o passado, mas o presente cansa-me. Alguém me passa o
futuro, se faz favor?
Só espero que o futuro não seja pior ainda. É que cada vez complicam mais. Também ando farta. Mas o curioso é que há quem não ande. Há gente mesmo chatinha que gosta destas coisas.
ResponderEliminarBeijinho,
Ilídia
Esperemos que não, Ílidia. Saiu uma portaria qualquer a dizer que vão desburocratizar mas só vendo. As pessoas sensatas estão fartas, Ílidia, os outros continuam a precisar dos papéis para justificar a sua competência. Nós sabemos bem como é e como são.
ResponderEliminarBeijinhos
Este excesso burocratizado esvai-nos a todos os níveis. Agora falam na desmaterialização e simplificação burocrática. Estou para ver...
ResponderEliminarNão se aguenta mais tanto tempo e energia desperdiçados. Vamos ver como corre.
ResponderEliminarMuito bom:) Adorei a frase final - tb quero, para ontem:)!
ResponderEliminarMas é isso - há quem goste, na verdade proliferam as cabecinhas pensadoras que exultam ao criarem novas papeladas. Na m escola há um dpto de QUALIDADE que cria modelos de docs novos todos os santos dias. É a primeira vez que vejo Qualidade (em nome) rimar com QUANTIDADE! Help!!!!
Essa do Departamento de Qualidade é muito boa. Mas essa gente não tem mais que fazer, Fátima? E como conseguem parir isso tudo? Por uma série de situações parece-me que na minha escola a tendência vai ser 'descomplicar'. Este ano estive na equipa do PEE e a 'ordem' de cima era tornar o documento legível e cortar tudo o que fosse redundância. O problema é também o que vem de cima. Para que é que serve o Plano Curricular de Turma? É que só serve para os Directores de Turma moerem o juízo aos restantes elementos do Conselho de Turma para que lhes dêem planificações e critérios.
ResponderEliminarRezemos então para ver se os deuses nos ouvem.
Já vamos em 3oo e tal docs - achas normal? Tudo com modelo a que não podemos fugir, nem sequer inventar (que é o que gosto de fazer ainda:))É o delírio. A responsável vive para a escola - perto da reforma, sem filhos, viúva. Até gosto dela, tem um lado mt engraçado, mas dps quer mostrar trabalho, incrivel! :)
ResponderEliminarGostei das dos deuses:)
Livramo-nos de uma mais papista que o Papa mas sem esse lado engraçado no início deste ano e foi um alívio, Fátima :) 300 e tal docs é o delírio realmente.
ResponderEliminarO futuro foi adidado por tempo indeterminado. Estamos de regresso ao passado, não necessariamente ao mesmo passado que vivemos, mas a um passado que outros gostavam que tivessemos vivido...
ResponderEliminarEsse é o problema, André, regressámos a esse passado temerário e sem esperança quanto ao futuro. Ainda ontem comentava que nunca mais vamos sair dos sítios onde estamos em termos de carreira.
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