No meu tempo, já o disse aqui,
quem faltava e ultrapassava o limite de faltas era excluído da frequência.
Nesse tempo não havia almofadas, credo, que até pareço o Passos Coelho, não
havia segundas oportunidades, muito menos novas, ninguém andava connosco nas
palminhas e a maior parte dos professores estava-se nas tintas para a vida privada
dos alunos, se tinha problemas em casa, se estava com problemas, se o
namorado/a nos tinha dado com os pés ou se tínhamos sido atacados por um ataque
de adolescendite aguda e parvoeira acentuada. Nesse tempo as consequências eram
bem claras e à maneira judaico-cristã quem pecava tinha de sofrer a culpa e
esperar pelo ano seguinte.
Esta prática tão vergonhosamente anti-pedagógica esteve grosso modo em vigor até um belo dia o governo Sócrates ter desencantado Maria de Lurdes Rodrigues para dirigir os desígnios da educação neste país. A excelsa dama num afã de reduzir o abandono escolar lembrou-se de implementar uma coisa chamada provas de recuperação. As provas de recuperação eram uma bela manobra de diversão mais uma vez cheia de papelada e de rodriguinhos, formulários, comunicações para cá e para lá. Podem até ter reduzido o abandono escolar no papel mas na prática os prevaricadores eram ainda brindados com a ausência total de faltas e podiam começar tudo de novo. Ultrapassar limites de faltas era o desejo último de muitos faltosos. Feitas as provas e recuperadas as aprendizagens, ah que belo naco de prosa, os alunos poderiam faltar e fazer mais provas e faltar e fazer mais provas. Naturalmente esta permissividade legitimada e aprovada em decreto só teve como consequência o laxismo, o abandalhar da escola e do próprio sistema e fazer com que quem faltasse visse ainda premiada as sucessivas ausências, já que muito pouco lhe acontecia.
Mortas e enterradas as provas de recuperação surgiu mais uma maravilha: os planos individuais de trabalho. Servem para o mesmo que as provas de recuperação, as consequências em última análise e em muito última, podem levar a uma situação menos doce mas enquanto isso os professores vão-se arrastando numa teia infindável de papelada, reuniões com os pais, cartas e mais cartas e os alunos felizes da vida contando com a almofada que a lei permite. Não é de admirar que cheguem ao mundo do trabalho com manhas. Até aí ninguém lhes apontou a porta de saída se não cumprirem. Foi-lhes sempre dada uma segunda, terceira oportunidade e os professores sempre lestos para cumprir a lei e os pais justificar o injustificável, algumas faltas. Se não estamos a criar preguiçosos irresponsáveis não sei o que estamos a fazer.
Esta prática tão vergonhosamente anti-pedagógica esteve grosso modo em vigor até um belo dia o governo Sócrates ter desencantado Maria de Lurdes Rodrigues para dirigir os desígnios da educação neste país. A excelsa dama num afã de reduzir o abandono escolar lembrou-se de implementar uma coisa chamada provas de recuperação. As provas de recuperação eram uma bela manobra de diversão mais uma vez cheia de papelada e de rodriguinhos, formulários, comunicações para cá e para lá. Podem até ter reduzido o abandono escolar no papel mas na prática os prevaricadores eram ainda brindados com a ausência total de faltas e podiam começar tudo de novo. Ultrapassar limites de faltas era o desejo último de muitos faltosos. Feitas as provas e recuperadas as aprendizagens, ah que belo naco de prosa, os alunos poderiam faltar e fazer mais provas e faltar e fazer mais provas. Naturalmente esta permissividade legitimada e aprovada em decreto só teve como consequência o laxismo, o abandalhar da escola e do próprio sistema e fazer com que quem faltasse visse ainda premiada as sucessivas ausências, já que muito pouco lhe acontecia.
Mortas e enterradas as provas de recuperação surgiu mais uma maravilha: os planos individuais de trabalho. Servem para o mesmo que as provas de recuperação, as consequências em última análise e em muito última, podem levar a uma situação menos doce mas enquanto isso os professores vão-se arrastando numa teia infindável de papelada, reuniões com os pais, cartas e mais cartas e os alunos felizes da vida contando com a almofada que a lei permite. Não é de admirar que cheguem ao mundo do trabalho com manhas. Até aí ninguém lhes apontou a porta de saída se não cumprirem. Foi-lhes sempre dada uma segunda, terceira oportunidade e os professores sempre lestos para cumprir a lei e os pais justificar o injustificável, algumas faltas. Se não estamos a criar preguiçosos irresponsáveis não sei o que estamos a fazer.
Também no Delito de Opinião
eu quero ver esse povo na vida adulta, a exigir segundas e terceiras oportunidades, quero mesmo ver...
ResponderEliminarBjo, coragem...
Esse é que vai ser o problema. Cumprir não é com eles mas há sempre uma segunda oportunidade. O regime de assiduidade está a prestar um mau serviço ao país. Cabe aos governantes mudar isto.
ResponderEliminarObrigada, Isa :)
Beijo
Eu tenho para mim que o chumbo também era uma segunda oportunidade. E se é certo que havia alguns casos mais empedernidos, houve muito boa gente a quem só fez bem. Mais um ano, um bocadinho mais de maturidade, as crises ultrapassadas e era só repetir. Devias ver a perplexidade quando chegam à universidade e descobrem que podem chumbar...
ResponderEliminarEu tenho para mim que o chumbo também era uma segunda oportunidade. E se é certo que havia alguns casos mais empedernidos, houve muito boa gente a quem só fez bem. Mais um ano, um bocadinho mais de maturidade, as crises ultrapassadas e era só repetir. Devias ver a perplexidade quando chegam à universidade e descobrem que podem chumbar...
ResponderEliminarEstou fartinha de os alertar para a universidade mas hoje descobri outra maravilha: não querem crescer. Um fenómeno autêntico!
ResponderEliminarDeixa lá, aqui no superior a coisa não vai melhor...
ResponderEliminarÉ global e transversal.
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