Comecei o livro quando saiu, algures em novembro, quando a invernia se começava a anunciar. Pu-lo de parte pouco depois. Recomecei. Li uma ou outra página e mais uma vez descansou na pilha de livros que tenho junto a mim no chão perto da mesa-de-cabeceira. A dificuldade de concentração no momento, a certeza de que o livro me merecia uma atenção redobrada e a convicção de que eu ficaria mais pobre caso não o fizesse, atiraram-no para o que esperei ser uma melhor oportunidade para ambos. E foi então ontem que tranquilamente com o crepitar da lareira e a placidez da noite acabei sem intermitências As Intermitências da Morte. Genial. Intenso. Brilhante e apaixonante. As reflexões constantes sobre a morte e a morte em si continuaram em mim, mesmo após ter sido lida a última linha deste texto que teve o mérito de me apaziguar com a dita senhora da gadanha, não fosse o prazer da leitura por si só suficiente.
Há também quem diga que, para nós, é uma grande sorte que deus não queira aparecer-nos por aí, porque o pavor que temos da morte seria como uma brincadeira de crianças ao lado do susto que apanharíamos se tal acontecesse. Enfim, de deus e da morte não se têm contado senão histórias, e esta não é mais que uma delas.
José Saramago, As Intermitências da Morte
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