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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Mãos

Vem isto a propósito da expressão das mãos dos meus pais na fotografia do post anterior.
Gosto da tranquilidade das mãos do meu pai, entrelaçadas uma na outra, uma extensão da admiração evidente no seu olhar. As mãos descansando. Admiro a feminilidade da mão da minha mãe, os dedos levemente abertos, a leveza do gesto que desenha no ar, a pulseira descaída no pulso, escorregando pelo antebraço.

As mãos são dois livros abertos, não pelas razões, supostas ou autênticas, da quiromancia, com as suas linhas do coração e da vida da vida, meus senhores, ouviram bem, da vida, mas porque falam quando se abrem ou se fecham, quando acariciam ou golpeiam, quando enxugam uma lágrima ou disfarçam um sorriso, quando se pousam sobre um ombro ou acenam um adeus, quando trabalham, quando estão quietas, quando dormem, quando despertam.

José Saramago, As Intermitências da Morte

2 comentários:

  1. Acho que esse vai ser o primeiro livro que vou pegar pra ler depois da defesa. Eu adoro mãos.
    As vezes, quando dou por mim, já estou a reparar nas mãos das pessoas.

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  2. Também reparo muito nas mãos. O meu pai tinha umas mãos bonitas com dedos longos e finos. Essa foto foi roubada do cd dos Tribalistas. Espero que não se impotem muito. Adoro a mescla de cores, do feminino e do masculino.
    Quanto ao livro, eu adorei, como dá para ver.

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