É sabido que sou uma amante indefectível do Brasil, que chorei ao avistar o Rio de Janeiro bem lá do alto, que sorrio até às orelhas quando me falam da Cidade Maravilhosa, que esperei muito para pôr pé no local de onde me acho, que gostaria de ter desfilado no Carnaval Carioca, que adoro caipirinha, que amo feijoada à Brasileira, que cá em casa se come farofa desde sempre e queijo com goiabada idem, que até o MCPelé a cantar Glamurosa me faz sorrir, que Maria Bethânia com o seu Reconvexo me faz chorar, que Fico Assim sem você de Adriana Calcanhotto é um hino ao amor dos meus pais, que da cintura para baixo faço jus às minhas raízes e ao estereótipo, que fico feliz por ainda em tempo de vida do meu pai ter ido ao Rio de Janeiro, que cada vez que venho do Brasil tenho vontade de voltar, que tenho um carinho maior do que estas palavras por quem me visita do outro lado do Atlântico, que a voz do Arnaldo Antunes me impressiona, que gosto seguir o rasto do Delegado Espinosa, que agradeço ao Avenalve por ambos e não só, à Gláucia ela sabe porquê e à Martha pelas visitas e palavras, que me perco por um feijãozinho tropeiro, que daria tudo para agora estar a beber uma água de coco numa dessas praias que me aquecem a alma, que dei por mim a ouvir Jorge Amado a ler em surdina Mar Morto quando me sentei no Maria de São Pedro bem de frente para a Baía de Todos os Santos, em Salvador, que ainda hei-de passar uma tarde em Itapoã com o Hélder, que Paraty é um dos desses lugares mágicos que dificilmente se deixam explicar por palavras, que no Bonfim repousará um fitinha vermelha atada num gradeamento de ferro, ainda na esperança da recuperação do meu pai, que não voltarei ao Bonfim para pagar o que me não foi concedido, que me orgulho quando no Brasil me procuram e me acham meio brasileira, que foi lá que este ano pude finalmente descansar e retemperar forças para seguir em frente, que a música brasileira me ateia o corpo e me eleva a alma, que a probabilidade de se ouvir música brasileira aqui em casa é superior a noventa por cento, que ainda tenho esperança de um dia, ao flanar por Ipanema, me cruzar com Chico Buarque, de olhos cristalinos no Atlântico, que o Budapeste é um dos meus livros preferidos, que querer conhecer Budapeste também teve a ver com Budapeste, que me perco na literatura brasileira, que venho carregada de livros sempre que regresso, que o linguajar brasileiro me amolece a alma, que contagiei esta paixão grande à minha cara-metade e que, hoje quando o meu cabeleireiro brasileiro me elogiou o cabelo com um sorriso genuíno Qui cábêlo! Cábêlo brásilêro!, vim a correr para casa escrever-vos também o que ainda não era sabido.
Olá!
ResponderEliminarO Brasil tem mil razões para ser amado, para além das que enumeras no teu belo texto. Para mim, a maior razão é que, de facto, conhecer o Brasil é essencial para nos conhecermos a nós e tenho quase a certeza que os brasileiros pensarão o mesmo de Portugal.
Bom Ano Novo!
Êta muié tropicau!
ResponderEliminarEste texto foi sendo aumentado à medida que era publicado. Cada vez que lhe retirava as agralhas, mais uma frase surgia ;-)
ResponderEliminarRecebeste a minha pm?
ResponderEliminarVou agora ao mail, ainda não fui hoje.
ResponderEliminarTexto fantástico :)
ResponderEliminarBjosss
Obrigada ;-)
ResponderEliminarSeu amor pelo Brasil, a foto de Salvador, respingou carinho em mim.
ResponderEliminarQue beleza você se reconhecer nos brasileiros. Seu cábêlo brasilêro deve ser mesmo lindo.
Seja sempre bem vinda, quando vier da próxima vez poderemos nos conhecer...
Um beijo,
Martha, soteropolina, baiana, brasileira.
Obrigada Martha. Gostava de voltar a Salvador sim e conhecermo-nos também. Quando vier cá, já sabe :)
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