Ontem mesmo. Fim de tarde no campo. Calço uns ténis e faço-me à estrada com o intuito idiota de combater a gravidade e os despencanço célere das minhas carnes ameaçando ruína. Para minha grande sorte existe aqui perto um parque desportivo, lugar imenso entre matas, campos de futebol e ténis e pavilhões para a prática de desporto. Incompatibilizada que estou com a prática desportiva dentro de portas para a qual perdi irremediavelmente a paciência, prefiro caminhar, sem que ninguém me importune ou mande e fazer uso deste espaço fantástico. Pago os míseros cinquenta cêntimos de entrada e ponho pés ao caminho. Inspiro o aroma inebriante a mata húmida e expiro os demónios do stress quotidiano, o equilíbrio tão necessário. E lá ia eu na segunda volta, quando avisto uma aula, suponho ter sido uma aula, ou uma actividade de desporto escolar. A escola fica paredes-meias com o parque desportivo e usa as instalações ao abrigo de um acordo entre ambos. O professor encostado à barra de metal que delimita o campo, à conversa com outra pessoa, e os adolescentes entusiasmados a disputar uma bola. Contorno o pavilhão, aproximo-me do campo e ouço bem alto Caralho! Deito olhos ao professor e apuro o ouvido na esperança vã, oh que esperança tão vã, mas que vã esperança, de ouvir uma repreensão, uma chamada de atenção, uma admoestação. Nada. Impávido e sereno continuou a conversa que se adivinhava prazenteira. Umas voltas depois, lá continuava e os alunos, desta vez com um grupo de crianças no campo contíguo, ainda mais expressivos a soltar asneiredo pela boca fora. Posso até admitir que os alunos se excedam, é sabido que entre pares não primam pela mais asséptica das linguagens e o entusiasmo faz destas coisas. Se o Catroga se excedeu que dizer de adolescentes a braços com as hormonas mais saltitantes que pipocas na panela? Já não posso dizer o mesmo da criatura encostada ao campo, sempre tão empenhada nas lutas intestinas contra o Ministério da Educação e pronto a lamber umas quantas botas para cair nas boas graças de quem nos ordena, e que, ali num espaço público, se faz de surdo e se demite das suas funções. Colegas são as putas.
Muito bom, Leonor!
ResponderEliminarObrigada, io :)
ResponderEliminarQue fúria me deu! Passo-me com estas coisas.
E, infelizmente, passas-te muito bem. O Colegas, o tanas!
ResponderEliminarPois :D
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