Dizer que nada há de mais trágico do que não ter com quem partilhar um livro é uma hipérbole e uma quase heresia. Há coisas trágicas muito mais trágicas e poupo-vos a enumerações lamechas mas para quem gosta de ler é tragédia suficiente ler um livro, rir, sorrir, vibrar para depois rir consigo, vibrar consigo próprio, agarrar o livro e fazer-lhe longas e pungentes declarações de amor pela ausência de um caminhante que a seu e a meu lado cavalgue as mesmas linhas e trote de vírgulas ao vento pelos nacos de prosa. Talvez seja essa mais uma forma de solidão e de exclusão, portas trancadas a novos mundos que não se deixam revelar. Não sendo possível todos saberem todas as línguas do mundo, há quem se ocupe dessa função alquímica de unir as duas margens do rio e garimpar línguas e mundos para que sejam inteligíveis aos demais. Dou, por isso, os Parabéns à Helena que, além de viver na minha cidade preferida da Europa, é uma das magas que transforma as línguas e me deu a honra de comemorar o fim da tradução do Wladimir Kaminer com este meu texto. Mal posso esperar que o livro me sorria das estantes. Vai contribuir para que eu seja menos só e menos sós somos quase sempre mais felizes. Neste caso sou. Somos.
Obrigada, Leonor.
ResponderEliminarE é isso mesmo: é muito triste ler um livro, vibrar com ele, e não ter depois com quem o partilhar.
A ver vamos quantos amigos vão gostar de ser contagiados por este pequeno vírus Kaminer!
Deixastes-me curioso. Descobri que um dos seus livros, Russendisko, foi traduzido no Brasil há 5 anos pela Editora Globo. Balada Russa é o título!
ResponderEliminarVou encomendá-lo breve.
É mesmo, Helena. Com o Kaminer esses dias estão contados :)
ResponderEliminarQuando sair este envio-lho, Aventino.
ResponderEliminarOs livros são muito divertidos cheios de estórias mirabolantes.