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quinta-feira, 8 de junho de 2006

Vertigem

Este blogue nasceu da morte para comemorar a vida. Vejo-o e e sinto-o como um barómetro de mim própria. Sei que podia traçar com ele um gráfico pleno de altos e baixos. A vertigem do que foi?, como foi? aparece a espaços e sempre que fazemos algo pela primeira vez na sua ausência a vertigem regressa, a insanidade e o desequilíbrio, a desorientação no tempo, às vezes, no espaço. O que foi?
Ontem cheguei a casa dos meus pais, abri a porta, chamei pela minha mãe. O F. e a M.J. tinham vindo visitar-nos. A mesa estava posta. Havia pratos e copos. A minha mãe estava na cozinha com os nossos queridos amigos, amigos dignos desse sentimento nobre e que o meu querido pai terá levado consigo no coração e na alma. E depois entrei na sala, mas ele não estava. O meu pai não estava. E de novo a vertigem O que foi? De novo o desnorteio O Papá? De novo a inquietação O Papá? De novo pensar que foi também à cozinha que estaria na conversa com O F. sobre a sua terra Natal ou a lavar a alface para a salada. De novo cogitar Não vem. Terá ido à casa de banho? E ter vontade de dizer Esperem. Falta o Papá. Só um bocadinho, ainda falta o meu pai. De novo ter vontade de perguntar ao H. Onde andará o meu pai?! De novo ter vontade de chamar a plenos pulmões Papá!!! Estamos todos à tua espera. E gritar mais uma vez Anda para a mesa. Já estamos à tua espera e de novo não o saber na cozinha, não o saber em qualquer outro lugar da casa, de novo não o ver connosco à mesa, com a sua calma, recordando aventuras antigas com o F., recolhendo os pratos e talheres no fim, trazer as chávenas para o café e sentar-se no sofá, traçar a perna e tomar o café calmamente. De novo, eu a dizer-lhe bem, vou-me embora e ele responder-me vai filha, vai à tua vidinha com o sorriso ternurento com que caminho sempre pelas ladeiras da saudade.

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