à procura do SOL
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quinta-feira, 28 de junho de 2007
terça-feira, 26 de junho de 2007
segunda-feira, 25 de junho de 2007
Respeitinho
Nestas coisas de máquinas, maquinarias e aparelhos sinto-me um resto, a auto-estima completamente em baixo, o amor-próprio uma lástima e a reputação destruída. É que se há coisa de que uma mulher não gosta é de se sentir ignorada, nem por bichos, homens ou máquinas, e isto porque quando algo não funciona e depois de já ter dado voltas sem fim a avaliar o dito aparelho comatoso, decido-me pelo último dos últimos recursos, assim sendo, e esgotadas todas as hipóteses ao meu alcance, abro a goela e grito HÉLDER!!!!! O Hélder vem, regra geral, tranquilo, pergunta mas afinal o que é se passa? Longe vão os tempos em que à primeira contrariedade a voz me subia galopante. Agora aguento uns tempos, miro os bichos de alto a baixo, dou-lhes umas pancadinhas no lombo, umas afagadelas nas fichas, verifico botões e ligações, solto uns quantos insultos e depois HÉLDER!!!!!!!!!!! O Hélder vem e pergunta mas afinal o que é se passa? A impressora não funciona… volto costas, dou uma olhadela na televisão, petisco mais um fruto destes, e eis que em surdina começo a reconhecer os sons da dita impressora a arrancar pausadamente. Respeitinho é muito bonito mas cá em casa é só para alguns, ao que parece não estou incluída no lote.
Momentos
Para responder a este convite, escolhi este momento.
sexta-feira, 22 de junho de 2007
quinta-feira, 21 de junho de 2007
Minha
A minha Ericeira não é a Ericeira de Agosto. Não é a Ericeira do Verão desenfreado, das tias ostentando o ouro baço, martelado ou branco e marcas da moda pretendendo aparentar sempre uma boa dezena de anos a menos, dos cavalheiros bem falantes de cabelo lambido e olhar pegajoso, como se adivinha o cabelo.
A minha Ericeira não é a Ericeira dos Domingos, das fatiotas domingueiras com rostos domingueiros e perfumes rascas também eles domingueiros. A minha Ericeira não é a Ericeira do marisco do e no início de cada mês, dominical por certo, das gentes que alarvemente se despenham em ruídos entre percebes e sapateiras e exalam, nesse meio tempo, o odor domingueiro das cidades suburbanas, bolorentas.
A minha Ericeira não é a Ericeira dos impessoais monstros de betão. A minha Ericeira não é a Ericeira dos donos dos monstros de betão. A minha Ericeira não é a Ericeira de alguns dos habitantes dos monstros de betão. A minha Ericeira usa chinelo e fala a língua das gentes despretensiosas.
A minha Ericeira é simples, ornamentada com a sua própria beleza natural, enfeitada com a grinalda de espuma das marés violentas. A Ericeira da bruma. A Ericeira do Inverno e da Primavera, apenas a azáfama das suas gentes, sem a gente de Domingo suburbana, muito mais suburbana do que se pensa, mais saloia até, mas nunca jagoza.
Passear a Ericeira numa manhã soalheira, igual em que estação, é uma dádiva dos deuses. Quem sabe se Vénus e Neptuno não terão por aqui se amado com o sentir ardente dos corações arrebatados. Terá nascido esta terra e este mar, o salgadiço no ar, da virilidade ondulante de Neptuno mesclando-se na sensualidade doce de Vénus, apadrinhados por Éolo obstinado? O céu atinge um azul indefinível e a calmaria, apenas a espaços entrecortada por um chinelar vigoroso dos filhos desta terra de mar ou um chamar convicto e forte, constitui uma terapêutica preciosa.
Esta minha Ericeira é a Ericeira do linguajar próprio, sempre rápido, sempre rude, abrupto e desabrido, do perfumado aroma a maresia pelas ruelas alvas, inconfundível e ímpar, como nunca, nunca em outro lugar do mundo senti, do mar bruto e gélido. Também das gotículas que dele saltitam para nos brindar.
Esta minha Ericeira é a Ericeira dos pássaros a chilrear no Jogo da Bola, do fumo das castanhas no Outono, do mar rebelde nas Furnas, do cheiro a peixe grelhado pelas ruas do Norte. A Ericeira dos bolos e batatas fritas na praia do Sul, dos retemperadores finais de tarde na esplanada, estação obrigatória entre a agitação do dia e o bulício da noite vindoura.
Esta minha Ericeira é também a Ericeira da brisa marítima e da neblina, das noites longas e das ondas grandes, das pevides à porta da Igreja. O casario caiado, limpo, puro. Esta minha Ericeira é mulher caprichosa que apenas se mostra quando quer, e que como as mulheres caprichosas e belas, só se deixa sentir quando entende e se entende, como se muitas vezes medíssemos forças, em vão, com a natureza impetuosa para nos fazer sentir, a espaços, o sabor da vitória conquistada, como com as mulheres caprichosas. Mulher caprichosa e bela, egocêntrica também, única filha única do amor desenfreado entre Vénus e Neptuno. E a tua? Como é a tua Ericeira?
A minha Ericeira não é a Ericeira dos Domingos, das fatiotas domingueiras com rostos domingueiros e perfumes rascas também eles domingueiros. A minha Ericeira não é a Ericeira do marisco do e no início de cada mês, dominical por certo, das gentes que alarvemente se despenham em ruídos entre percebes e sapateiras e exalam, nesse meio tempo, o odor domingueiro das cidades suburbanas, bolorentas.
A minha Ericeira não é a Ericeira dos impessoais monstros de betão. A minha Ericeira não é a Ericeira dos donos dos monstros de betão. A minha Ericeira não é a Ericeira de alguns dos habitantes dos monstros de betão. A minha Ericeira usa chinelo e fala a língua das gentes despretensiosas.
A minha Ericeira é simples, ornamentada com a sua própria beleza natural, enfeitada com a grinalda de espuma das marés violentas. A Ericeira da bruma. A Ericeira do Inverno e da Primavera, apenas a azáfama das suas gentes, sem a gente de Domingo suburbana, muito mais suburbana do que se pensa, mais saloia até, mas nunca jagoza.
Passear a Ericeira numa manhã soalheira, igual em que estação, é uma dádiva dos deuses. Quem sabe se Vénus e Neptuno não terão por aqui se amado com o sentir ardente dos corações arrebatados. Terá nascido esta terra e este mar, o salgadiço no ar, da virilidade ondulante de Neptuno mesclando-se na sensualidade doce de Vénus, apadrinhados por Éolo obstinado? O céu atinge um azul indefinível e a calmaria, apenas a espaços entrecortada por um chinelar vigoroso dos filhos desta terra de mar ou um chamar convicto e forte, constitui uma terapêutica preciosa.
Esta minha Ericeira é a Ericeira do linguajar próprio, sempre rápido, sempre rude, abrupto e desabrido, do perfumado aroma a maresia pelas ruelas alvas, inconfundível e ímpar, como nunca, nunca em outro lugar do mundo senti, do mar bruto e gélido. Também das gotículas que dele saltitam para nos brindar.
Esta minha Ericeira é a Ericeira dos pássaros a chilrear no Jogo da Bola, do fumo das castanhas no Outono, do mar rebelde nas Furnas, do cheiro a peixe grelhado pelas ruas do Norte. A Ericeira dos bolos e batatas fritas na praia do Sul, dos retemperadores finais de tarde na esplanada, estação obrigatória entre a agitação do dia e o bulício da noite vindoura.
Esta minha Ericeira é também a Ericeira da brisa marítima e da neblina, das noites longas e das ondas grandes, das pevides à porta da Igreja. O casario caiado, limpo, puro. Esta minha Ericeira é mulher caprichosa que apenas se mostra quando quer, e que como as mulheres caprichosas e belas, só se deixa sentir quando entende e se entende, como se muitas vezes medíssemos forças, em vão, com a natureza impetuosa para nos fazer sentir, a espaços, o sabor da vitória conquistada, como com as mulheres caprichosas. Mulher caprichosa e bela, egocêntrica também, única filha única do amor desenfreado entre Vénus e Neptuno. E a tua? Como é a tua Ericeira?
Foto: Hélder
quarta-feira, 20 de junho de 2007
Do que se lê
E a pedido da Pitucha aqui ficam as minhas últimas cinco leituras:
Passageiros em Trânsito de José Eduardo Agualusa
Os da minha Rua de Ondjaki
Ich bin kein Berliner de Wladimir Kaminer
Perseguido de Luiz Alfredo Garcia-Roza
A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho de Mário de Carvalho
...e, pelo meio, poesia de Ondjaki e de Arnaldo Antunes e guias de viagem.
Passageiros em Trânsito de José Eduardo Agualusa
Os da minha Rua de Ondjaki
Ich bin kein Berliner de Wladimir Kaminer
Perseguido de Luiz Alfredo Garcia-Roza
A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho de Mário de Carvalho
...e, pelo meio, poesia de Ondjaki e de Arnaldo Antunes e guias de viagem.
terça-feira, 19 de junho de 2007
No meio da multidão
E foi assim que me apareceu, noutro local, é certo, mas estava algures no meio da multidão, menos sorridente, é bem verdade, mas outra grande verdade é que entrou na minha vida pelo meio dessa multidão desalmada e cá ficou bem juntinho.
A quarta grande verdade é que ele hoje comemora
mais um aniversário.
Aqui fica um beijo
grande
e o desejo que sorria sempre
e me espere sorrindo, do outro lado da ponte, no meio da multidão.
A quarta grande verdade é que ele hoje comemora
mais um aniversário.
Aqui fica um beijo
grande
e o desejo que sorria sempre
e me espere sorrindo, do outro lado da ponte, no meio da multidão.
foto: Veneza
segunda-feira, 18 de junho de 2007
O Tibúrcio
O Tibúrcio é um professor responsável. O Tibúrcio cumpre prazos. O Tibúrcio é pontual. O Tibúrcio é recto e corta a direito. O Tibúrcio cumpre programas. O Tibúrcio aparentemente não faz mal a ninguém. O Tibúrcio tem alguns problemas. O Tibúrcio gosta de poleiro. O Tibúrcio gosta de lamber umas quantas botas. O Tibúrcio, debaixo do seu ar de cordeiro obediente, é um ditador. O Tibúrcio gosta de poder, gosta de se sentir grande e para se sentir grande tem de ter coisas, tem de ser coisas e, lambendo algumas botas e esboçando os sorrisos certos nos momentos certos, foi sendo coisas. Essas coisas são agora contabilizadas em pontos. O Tibúrcio tem pontos, portanto, portanto o Tibúrcio é grande e importante. Mas o Tibúrcio, além de ser um déspota na pele de cordeiro, tem outro problema. O problema do Tibúrcio é que, por ele gostar de poder e por ser autoritário, tem alguns problemas com os alunos. Por exemplo, os alunos não o cumprimentam nos corredores da escola, os alunos do Tibúrcio não querem ter mais o Tibúrcio como professor se pudessem escolher, porque o Tibúrcio não se sorri para eles, não chega perto deles, na verdade, parece nem querer saber deles, Xô que me podem pegar coisas, Xô gentalha pequena, Quem é grande, quem é? Quem é grande e bom? e este é o problema do Tibúrcio, mas o Tibúrcio, que é professor, não quer saber disto para nada, porque o Tibúrcio é grande e quer ser director, coordenador, director e coordenador e coordenador e director e administrador e orientador e coordenador e director e gestor e director e presidente porque ser só professor é muito pouco.
sábado, 16 de junho de 2007
Uma marquise em Campo de Ourique
E enquanto o país estava suspenso pela vitória de Cavaco Silva nas presidenciais e se aguardava a reacção do dito, as transmissões televisivas centravam-se na residência sita na capital lusa. Além de ter de digerir um presidente que não assumiu qual o seu escritor preferido, ou o seu vinho de eleição para não ofender os restantes escritores fora do rol do eleito ou os néctares eliminados, a caixinha mágica deu-me ainda uma outra perspectiva do homem de Boliqueime e que se não fosse este excelente post do Pedro Correia, estaria agora ali a estupidificar-me com o jogo dos sub-21 em vez destas afagadelas no teclado e nem me teria lembrado desse episódio triste da história contemporânea. O homem que tinha doravante o destino de todos nós nas mãos tinha uma marquise, uma marquise destas com estores e tudo e a contra-luz desenhava-se a silhueta do casal presidencial. A culpa é da República, pois claro, os reis não têm marquise e não são eleitos, portanto ter-me-iam poupado mais este desgosto. Guardo desde então a crónica de Ricardo Araújo Pereira da "Visão" de 26 de Janeiro de 2006: “Na minha opinião, há determinadas partes da casa que um Presidente da República não devia frequentar. A marquise é uma delas. (…) Quando se lembram da sua rainha, os britânicos, imaginam-na na sala do trono. (…) A mim, quando penso em Cavaco Silva, só me ocorre a imagem do novo Presidente a falar ao telefone na marquise.” Não posso concordar mais. Cavaco Silva cultiva a imagem de homem do povo, diz-se, um self-made-man à algarvia, o pobrezinho sofreu como se sabe aquando da viagem à Índia com a comida picante, passou tão mal o casal presidencial que o que lhe valeu foi o arrozinho branco, benzó deus, mas não precisava de ter uma marquise, precisava?
Também aqui
sexta-feira, 15 de junho de 2007
quinta-feira, 14 de junho de 2007
Paradeiro
Porque este blogue se tornou também o meu porto de abrigo e o sítio onde comungo as minhas vitórias e tristezas, mágoas e conquistas, onde rio e choro e porque, sem vocês que me visitam, eu seria infinitamente mais pobre e este local não teria sentido, um beijo no dia que passa a todos os que passam no meu paradeiro.
quarta-feira, 13 de junho de 2007
Esvaziaram-se-me as palavras
e as que encontro servem apenas para dizer o que sinto
e o que sinto é pouco para as palavras.
segunda-feira, 11 de junho de 2007
sábado, 9 de junho de 2007
Toda a felicidade do mundo
Na última vez que foi a uma casamento o padre além de ter dado um raspanete nos presentes, disse algo que muito me chocou. Depois das prelecções mais ou menos habituais perguntou se não estaríamos em situação de desejar aos noivos tanta felicidade como para nós mesmos. Tendo em conta que aquela é a casa de deus e que se se vai a um casamento é porque se travam laços de afectividade com os noivos, a pergunta ofendeu-me. Não sei porque a nossa felicidade ou não tem de ser o alqueire por que se mede a felicidade de quem gostamos.
Por isso, hoje estou aqui para desejar não tanta felicidade como a minha, que interessa a minha?, não mais um bocadinho, não menos um bocadinho, mas a felicidade TODA do mundo à menina das estrelinhas, que é tão especial, e ao seu mais que tudo por este passo no trilho da felicidade em comum.
quarta-feira, 6 de junho de 2007
segunda-feira, 4 de junho de 2007
sexta-feira, 1 de junho de 2007
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