Façamos dele o melhor.
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sábado, 31 de dezembro de 2011
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Avisos
Amigos, comentadores, espreitadores, todos e qualquer um que aqui venham dar, este blogue mais a sua dona não fazem balanços. Passemos à fase seguinte. Diz que vem aí um ano novo a estrear. Até lá:
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Gatos e homens
Foi a segunda vez que me visitou.
Hoje passeando-se pela manhã de sol de Inverno, anunciou-se do outro lado da
casa onde o sol não bate nos dias de equinócio e o meu pai renasce no azevinho
à porta de casa. Ouvi-o enquanto estendia roupa. Estes dias de sol são muitas
vezes dias ou manhãs de lavar roupa. Alma solar, gosto da roupa lavada a
cheirar a sol e a vento se o houver, e de a sentir levemente perfumada de luz e
meio áspera ao toque. Ouço-o. Insistente. Os cães ladram furiosos. Alguém que
os irrita. Contorno o quintal e encontro-o em cima do muro. De olhos verdes
profundos fita-me e solta um miado mansinho. Chamo-o mas não vem. Os gatos nunca
obedecem a uma ordem que os submeta a vontades alheias. Obedecem sempre e
apenas à sua vontade. Vejo-o fugir, negro e tão luzidio, não sem antes brindar
a vizinha do lado com um jacto viril para o muro, ela odeia gatos e eles sabem.
Sabem-no muito bem. Na casa em frente a minha outra vizinha, dona de gatos e
cães, amiga da bicharada. Trocamos palavras. Ela diz-me que o gato preto estava
no passadiço rente à casa, lá onde se aventura quem é da casa e onde a sombra é
rainha, Inverno ou Verão. E lembro-me. E pergunto-lhe Seria o meu gato? A insistência da visita deixa-me inquieta. Ela
diz-me que não, ele não viria tão longe. Confirmo o olhar verde e o pêlo mais
comprido. Digo-lhe, Pois, o meu tinha
olhos de avelã e pêlo mais curto. O meu
era um gato preto que um belo dia de Fevereiro se meteu dentro de uma carrinha
aqui à porta de casa sem dizer nada a ninguém ou soltar um miado e quando a
carrinha cumpriu o seu destinou e rumou a um lugarejo aqui perto, o gato faria
a sua primeira e última viagem num silêncio profundo que lhe ditaria a má sorte.
Ao abrirem a porta da carrinha, o gato fugiu assustado e nunca mais o vimos. Horas
perdidas a chamá-lo em vão. No mato, entre os canaviais lá onde só há cheiro a
terra e o cantarolar de pássaros e os ruídos de outras criaturas invisíveis são
a única banda sonora possível. Dias e dias a chamar Chico! Dias e dias a rumar
ao sítio maldito na esperança vã de que voltasse chamado pela voz que tão bem
conhecia. Outra solução não houve se não arrumar lutos e deixar ir aquele dia
malfadado de Fevereiro, treze por sinal, e o meu gato de casaco de veludo. Mas hoje voltou, voltou há uns dias à
memória como voltam sempre as ausências antigas, assim em dias de sol de
Inverno, soltando um miado baixinho e fugindo-nos sem que as consigamos apanhar
e por instantes ter a sensação de que ali estão afinal.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Confissões vergonhosas em tempo de vacas magras
Para que tudo mude é preciso que algumas coisas nos dêem a ilusão de que são as mesmas e que por breves instantes nos entreguemos a velhos hábitos portadores de seguranças antigas e enlevos consumistas de que somos feitos. Pensarão por ventura que macaco me mordeu, que, como se diz por aqui na região saloia, 'levantei de ideia' ou que me esqueci de me enfrascar de prozacs e sucedâneos, bichos que não me passam pelo estreito há quase duas décadas graças a muito trabalho de auto conhecimento e alguns momentos de esvaziar a mente ou fazer o que sempre faço face a momentos negros Vai passar, há-de passar. Nada disso. Serve isto pois para dizer que hoje pela fresca fui aos saldos, ao reboliço de mulheres afagando roupa e procurando incessantemente aquele tamanho e aquela cor, voltas e rodopios que se dão no espelho com uma nova pele. Enganos efémeros. Sou portadora de um casaco novo, que tanta falta me fazia, às mulheres faz sempre falta alguma coisa, e estou muito mais aliviada. Pronto. Era só isto
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Considerações verdadeiramente importantes sobre a mensagem subliminar de Natal do Primeiro-ministro
Já sabemos que a esperança não mora aí, não vale a pena enganar com essa gravata verde, muito feia, por sinal.
Também no Delito de Opinião.
sábado, 24 de dezembro de 2011
Boas Festas
Esqueçamos por instantes o mundo lá fora, há alturas em que não é importante.
Perdidos e achados
Não sou rapariga de perder
coisas. Perco-as, é um facto e perco-as muito mas encontro-as a seguir. Sei que
andarão por aí, escondidas entre livros ou nas pilhas de papelada que vou acumulando
ao longo das semanas de aulas. Primeiro é o choque e a aflição Será que deitei
fora? Mas eu não ia deitar aquilo fora, depois a constatação Tem de estar por
aí, a seguir a busca que se inicia, papéis revolvidos, carteiras cuidadosamente
inspeccionadas, estantes revistas, ajuda que se pede Ajuda-me aqui, perdi… e
ajuda que se dá Quando foi a última vez que usaste/viste/leste (riscar o que não
interessa) e por último o reencontro Ah,
estavas aí. Reposta a ordem, mantenho a existência tranquila até ao
desaparecimento seguinte, porque tudo regressa afinal e não há necessidade de um stress acrescido por coisas que voltam sempre.
Hoje pela fresca, enquanto
percorria mentalmente a minha checklist natalícia e acompanhava com um olhar em
meu redor para confirmar se estaria tudo nos seus postos, pronto a abrilhantar-me
a noite de consoada, não o encontrei. Estava lá tudo. Farinha, açúcar, ovos,
leite, laranjas, mas não ele. Zero. Voltei a olhar, fui ver aos bolsos,
procurei na carteira, lembrei-me até de ir ao frigorífico mas nem rasto ou
cheiro. Custou-me 1, 45 euros, com desconto de cinquenta por cento no cartão,
foi escolhido com carinho e comprado com antecedência para amadurecer, e pago. Isso sei e disso lembro-me muito bem. O que aconteceu entre esse momento último do pagamento e aquele instante em que
dei pela falta do dito permanece uma incógnita. Estará abandonado numa valeta, desvalido numa ribanceira, terá sido sequestrado por meliantes? Tudo é possível que, como se sabe, o mundo não está para brincadeiras e lá fora há uma selva que nos devora. Portanto, caros leitores e comentadores, se
encontrarem por aí um abacaxi abandonado há uma grande probabilidade de ser o
meu.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Dia primeiro
Dia primeiro de nada fazer. Dia primeiro sem obrigações, pautas, actas, papeladas inúteis que consomem tempo e energia. Dia primeiro sem balelas nem conversa mole nem obrigação de bons dias sem vontade. Dia primeiro de sentir os dias e o tempo, de abençoar o sol de inverno e de deixar à porta de casa o capote de dias pesados, a capa das incertezas. Dia primeiro de sentir Natal. Dia primeiro de sorrisos e carinho. Bem-vindo, dia primeiro.
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Se perguntares o que podes fazer pelo teu país...
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
E lá fora, o frio
Sou um bocado obsessiva nos
gostos. Se gostar de uma camisola de determinado modelo tenho vontade de
comprar mais duas de cor diferente. O mesmo aplica-se a outras peças de roupa,
acessórios ou seja o que for do que gosto, à excepção de uma ou outra coisa que
por decoro não vou aqui referir. Nessa mesma medida se gostar muito de uma
cidade ou país tenho sempre vontade de voltar. Berlim ou Londres, Cabo Verde ou
Brasil são destinos a que regressaria assim a vontade me permitisse, quase
sempre portanto, e a partir de agora quase nunca, sendo que o ‘quase’ é um
acessório absolutamente ilusório nesta minha nova condição de depauperada. Quando
fui a Munique num Dezembro passado e descobri os mercados de Natal passei a ter
uma nova obsessão: mercados de Natal. Sempre que chega esta altura do ano, lá
para os fins de Novembro, cresce em mim uma vontade imperiosa de me aconchegar
num cachecol, atafulhar-me em casacos felpudos, gorros e luvas e perder-me
entre a multidão, beber um Glühwein bem quente, enquanto as pessoas se passeiam
mercado acima mercado abaixo numa romaria colorida e perfumada, e deixar-me
envolver por momentos nessa que se diz ser a magia do Natal. Nada disto pode
parecer muito mal excepto se se souber que sou mulher de sol e luz, portadas
abertas e janela no basculante até o sol se esconder e que encontra amparo em
dias tépidos ou escaldantes, o bálsamo verdadeiro que afasta cansaço, stress,
angústia. Muito. Quase tudo. Mas obsessão é obsessão e até ontem apetecia-me um
mercado de Natal e até ontem porque quando pus o nariz de fora à noite e senti
o vento cortante em frente à basílica numa noite de breu gelada e impiedosa sem que cachecóis, casacos e gorros me pudessem valer, percebi de que são feitos os sonhos, de sonhos
apenas. Manias revestidas de grinaldas de fantasia. A realidade é outra coisa.
domingo, 18 de dezembro de 2011
Coisas que se nos entram pela alma...
e não saem. Em replay desde ontem nos meus ouvidos.
sábado, 17 de dezembro de 2011
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
domingo, 11 de dezembro de 2011
Domingo
Uma chávena de chá e testes para corrigir.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Biscoitos de chocolate
As preocupações fora de portas e nada
mais há naqueles instantes É como se o mundo parasse. Momentos de puro prazer,
deleite, escapismo. O mundo seria mais fácil se tudo se reduzisse ao prazer
ancestral de matar fomes e desejos e tudo se pudesse resolver à mesa entre
aromas e palatos saciados. Pela janela há um dia de Dezembro bem claro, o sol
que brilhou pela manhã apaziguando o crepúsculo de algo que se não sabe muito
bem o que é, o mundo como o conhecemos talvez, algumas seguranças e garantias
colapsam como baralho de cartas sem que nada se possa fazer se não aguentar. A
roda da fortuna que cumpre o seu destino. Aguentar dias, anos, de verborreia moralista
de crime e castigo, pecados alheios que agora temos de pagar. Não quero saber.
Não agora. Não hoje. Deixo amolecer 250 gramas de margarina enquanto deito 125
gramas de açúcar mascavado na velha taça azul que me acompanha há anos nestes
momentos de descontracção. Lá fora entardece mansinho. Um cão que refila, o
mesmo de todos os dias feriado e fins-de-semana e uma das gatas espreita-me
pela porta da cozinha. Bato energicamente o açúcar e a margarina até ficar um creme fofo e junto-lhe
225 gramas de farinha. Dezembro é mês de cozinha, de colo e de regresso, a
casa, a nós mesmos, ao fim para que o início regresse. Envolvo bem a farinha e
junto-lhe 100 gramas de flocos de aveia. E depois vario. Não há receita nas
minhas mãos que não seja acrescentada, mudada, experimentada com umas pitadas
imprevistas ao sabor dos meus dias e vontades, imprevisíveis também. Meia tablete de chocolate
culinário cortada grosseiramente, pedaços irregulares a quem vou sem critério cortando mais aparas pontiagudas para envolver na massa. E esperar. Uma hora de frio. Uma hora de silêncios tranquilos, o bálsamo necessário deste Dezembro que me traz agastada. Bolachas tendidas com o carinho de quem alimenta e de quem ama. O amor também se alimenta da alquimia de aromas e metamorfoses. E depois
há o perfume do forno quente e do chocolate espalhando-se pela casa. Entardece. Recolho-me
num biscoito e um chá aromático. Se tudo pudesse reduzir-se a prazeres simples.
Às vezes pode. Hoje pôde.
A receita dos biscoitos foi inspirada nesta. Um beijo à Cristina Nobre Soares a quem prometi experimentar as bolachas de aveia.
A receita dos biscoitos foi inspirada nesta. Um beijo à Cristina Nobre Soares a quem prometi experimentar as bolachas de aveia.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
History repeating
Segunda-feira. Oito e trinta. Teste. Quando tudo se acalmou, se arrumaram nas cadeiras e mergulharam naquelas três páginas A4 rabiscadas de letras, de lá do fundo levanta-se um braço. Acorro lesta. Setora, dizem-me baixinho, O meu dicionário não tem esta palavra e aponta-me a dita. Atypical. Respondo Atípico. Atiram-me, Sim, mas o que é isso. Ouço um burburinho, cabeças que se viram na minha direcção e explico a todos o significado da palavra em português. Muito atípico no meio de um teste.
Segundo round. Outro braço que se levanta. Acorro lesta como sempre, pronta a esclarecer as dúvidas, nada pior que ficar com dúvidas. A professora não quer os seus meninos com dúvidas. Sussurram-me outra vez, de dedo apontado à palavra rapioqueira, mais uma das malvadas que se esconde dos meninos da professora. Esta aqui, dizem-me. Quem disse que a história não se repetia mentiu profundamente. Neologisms? Neologismos! digo peremptória. Sim, setora, mas é o quê?
Terceiro round. Fim da aula. Uma voz que se ergue. Setora, podemos inventar na composição? Podem, respondo, desde que seja verosímil. A meia dúzia de almas que restava irrompe numa sonora gargalhada. Se lhes tivesse contado uma anedota, teriam achado que era uma piada seca, diriam que a prof tem um sentido de humor estranho ou que se acha engraçadinha e certamente seria brindada com um sorriso amarelo. Era uma palavra. Uminha, sem segundas intenções. Questionam-me O QUÊ? O que é isso, setora? A professora esforça-se por explicar o que é verosímil numa linguagem acessível. Uns pedem, Diga lá outra vez! E tentam repetir Verobivel? Como é que é? Outra conclui Boa! Já aprendi uma palavra hoje, mas depois repete-a, tá bem, setora? Nada como umas palavras novas para animar uma segunda-feira cinzenta de Dezembro.
sábado, 3 de dezembro de 2011
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