Olho para o relógio. Hora e meia, hora e meia é quanto falta para que termine o mês do futebol no Geração Rasca e, antes que termine, existe ainda assunto merecedor de peroradela. Muitos outros haveria certamente, muitos que escapam ao olho e sensibilidade feminina – parca a minha – para estes mistérios em torno de vinte e dois homens correndo atrás de uma bola, um que apita, faz sinalefas e mostra cartões, dois que ajudam e uma multidão esfaimada e desvairada que solta o animal mais temível adormecido na farpela profissional nas restantes horas e épocas do ano ausentes de futebol, que, se as há, desconheço. Pelo que me é dado a observar através do modesto e único televisor que vive cá em casa, suspeito que há jogos de futebol vinte e quatro horas por dia, sete dias da semana. Os jogos de futebol são como o antigo slogan de promoção de Portugal Há sempre um Portugal desconhecido que espera por nós. Assim é com os jogos de futebol: há sempre um jogo de futebol desconhecido que espera por vós, se não for o Futebol Clube do Boco é o Cascalheira, e, se não forem estes, a RTP Memória encarrega-se de passar jogos do tempo em que o Figo ainda era felpudo, usava camisola interior e tinha caracóis à menina, naquela altura em que o Sporting ainda tinha dinheiro para lhe pagar.
Porém, o que me traz hoje aqui é uma outra questão. Confesso que eu própria já lá entrei, foi isto no antigo e saudoso Estádio de Wembley, desci ao relvado, levantei o caneco, aprendi umas coisas sobre o comportamento de Sua Majestade em dia grande de futebol britânico e, algures pelo meio, visitei-o. E visitei o quê? Visitei o balneário, o antro de cumplicidades onde os jogadores, treinadores, adjuntos e sei lá mais quem, discutem tácticas, técnicas, passes, trivelas e tabelinhas, rezam à senhora de não de onde, benzem-se, dão palmadinhas nas bundas uns dos outros, provavelmente passam as mãos pelos pescoços uns dos outros e, julgo, se passeiam em trajos menores. Nunca entendi essa coisa do balneário. O tal que visitei estava lindinho e asseado à espera do turista, já se sabe, que turista raramente paga para ver porcaria, tinha a camisola do Beckham e dos demais pendurada, o que em nada correspondia à imagem efabulada desse local mítico onde homens pujantes segregam odores aos molhos para as meias e chuteiras, passeiam-se em cuecas, acariciando-se aqui e ali. Um nojo, portanto, um nojo mas um nojo necessário ao que parece: sem balneário não há futebol e sem futebol, haverá vida?
Porém, o que me traz hoje aqui é uma outra questão. Confesso que eu própria já lá entrei, foi isto no antigo e saudoso Estádio de Wembley, desci ao relvado, levantei o caneco, aprendi umas coisas sobre o comportamento de Sua Majestade em dia grande de futebol britânico e, algures pelo meio, visitei-o. E visitei o quê? Visitei o balneário, o antro de cumplicidades onde os jogadores, treinadores, adjuntos e sei lá mais quem, discutem tácticas, técnicas, passes, trivelas e tabelinhas, rezam à senhora de não de onde, benzem-se, dão palmadinhas nas bundas uns dos outros, provavelmente passam as mãos pelos pescoços uns dos outros e, julgo, se passeiam em trajos menores. Nunca entendi essa coisa do balneário. O tal que visitei estava lindinho e asseado à espera do turista, já se sabe, que turista raramente paga para ver porcaria, tinha a camisola do Beckham e dos demais pendurada, o que em nada correspondia à imagem efabulada desse local mítico onde homens pujantes segregam odores aos molhos para as meias e chuteiras, passeiam-se em cuecas, acariciando-se aqui e ali. Um nojo, portanto, um nojo mas um nojo necessário ao que parece: sem balneário não há futebol e sem futebol, haverá vida?