Sempre tive a Dom Quixote como uma editora séria, menos permeável a lixos encadernados. Afinal é a editora de António Lobo Antunes, de Manuel Alegre também. Foi com espanto que verifiquei que a mesma editora é responsável pela edição do livro da alternadeira do Porto, não por ser alternadeira, cada um leva a vida como sabe e pode, mas pelo nível inexistente das declarações e atitudes com que amiúde nos tem oferecido nos canais televisivos. Ao que parece já não sabem viver sem ela. Tenho um profundo desprezo por mulheres que encontrando num homem a sua fonte de rendimento e que, uma vez seca, vêm para os meios de comunicação fazer-se de vítimas, coitadinhas e que para cúmulo ainda falam em nome dos seus filhos. Mulher alguma, que se digne do seu género, evoca o nome dos filhos nestas situações. Dir-me-ão que nada entendo de maternidade na primeira pessoa, muito provavelmente terei uma ideia mitificada do que é trazer filhos ao mundo, mas a acreditar no sublime com que algumas mulheres descrevem a condição, a maternidade deveria ser incompatível com este lavar de roupa suja mesmo nas barbas de qualquer um de nós, a bem do equílibrio e bem-estar das crianças. Com menos espanto verifiquei que o dejecto em forma de livro, assim e muito bem o classificou Miguel Sousa Tavares, ia já em quarta edição. Que há leitores para tudo nunca houve qualquer dúvida, que há editoras para tudo também já havia pouca margem de dúvida, que afinal as editoras não têm um nome a defender constitui alguma novidade. À semelhança da profissão anterior da autora do livro, a editora tem um critério óbvio, quem lhe der mais dinheiro é quem a tem. Agora digam-me que Portugal até tem coisas boas, que nos outros países também é assim e tal. Pode até ser, mas nada disso retira uma vírgula ao longo texto de idiotices de nível execrável e abjecto com que nos deparamos aqui neste Portugal cada vez mais de pequeninos de espírito.