Sempre que a festividade se aproxima a Menina das Estrelinhas manifesta o desagrado. Para ela aqui fica este Menino Jesus com uma beijoca. Não é lindo?
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sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Baby Jesus
Um dia recebi um presente
Um dia recebi um presente e a minha vida mudou. Vinha envolto em papel transparente e trazia uma mensagem ternurenta, a evocação deste amor que se me plantou na alma com raízes e que esporadicamente floresce. Desde então todos os dias são seus. A vigilância redobrada, não vá algo acontecer-lhe, água moderada e o lugar abrigado de ventanias excessivas e calores exagerados. Recomendações mil se me afasto Não te esqueças, por favor, não é preciso muita água. E a atenção duplicada Acho que vai dar flor, a vigia constante Está tão bonita. Em tempo de desabrochar o perfume entra pela sala onde vou deixando a alma desabar e a evocação entra docemente sem que deitar olho se imponha. Perfume e aromas que me abençoam a alma no presente inestimável da minha mãe.
foto: minha
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Pasta Medicinal Couto
É um artista português e anda na boca de toda a gente.
Também no Geração Rasca
Momento sitemeter (14)
A quem vem aqui à procura de Pão-por-deus informo que já me desloquei a uma superfície comercial para me abastecer de chupa-chupas, rebuçados e caramelos de fruta, línguas de gato, moedas de chocolate, não há Pão-por-deus sem elas, bolinhas de chocolate e ainda barritas de chocolate com bolacha. Espero a vinda da criançada a chilrear logo pela manhã, direitinhos à minha porta. Que este ano seja como este e este. Entretanto, se passarem por aqui são naturalmente bem-vindos.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
À porta da língua
Algures num livro estava escarrapachado que nada pior do que ser-se rejeitado por um livro. O leitor pode e deve decidir das suas leituras mas ser rejeitado por um livro por incapacidade de juntar letras e delas fazer sentido será um castigo inestimável, talvez das penas mais cruéis para os amantes da leitura. Provei desse veneno quando, no aeroporto de Madrid em trânsito para o norte da Europa, fiquei à porta do livro, trancada à porta da língua com um ferrolho inviolável.
A montra ostentava não um, dois ou três livros, a montra transbordava de exemplares lustrosos e brilhantes, cuidadosamente amontoados, criteriosamente dispostos, artisticamente expostos à mercê da cobiça bibliófila dos passageiros em trânsito. Conseguia através do vidro espesso da montra pressentir-lhes o aroma da impressão recente e ouvir-lhes em sussurro o toque dos livros virgens, um restolhar mansinho das páginas ainda imberbes de mãos alheias. Peguei na máquina fotográfica, o japonês cola-se-me assim que ouve o rodar das rodas das malas de viagem contra o chão do corredor e tirei uma fotografia. Esbocei um lamento, a voz ligeiramente esganiçada, dizem-me que assim acontece sempre que atingida na alma. Sentei-me no café de frente para a montra saboreando um café desenxabido, entregue à minha incapacidade de ler fluentemente na língua de Cervantes, em tortura à porta do livro, rejeitada pela minha própria incapacidade de ir além das convencionais expressões coloquiais de orientação mundana. Nada pior do que ser-se rejeitado por um livro.
A montra ostentava não um, dois ou três livros, a montra transbordava de exemplares lustrosos e brilhantes, cuidadosamente amontoados, criteriosamente dispostos, artisticamente expostos à mercê da cobiça bibliófila dos passageiros em trânsito. Conseguia através do vidro espesso da montra pressentir-lhes o aroma da impressão recente e ouvir-lhes em sussurro o toque dos livros virgens, um restolhar mansinho das páginas ainda imberbes de mãos alheias. Peguei na máquina fotográfica, o japonês cola-se-me assim que ouve o rodar das rodas das malas de viagem contra o chão do corredor e tirei uma fotografia. Esbocei um lamento, a voz ligeiramente esganiçada, dizem-me que assim acontece sempre que atingida na alma. Sentei-me no café de frente para a montra saboreando um café desenxabido, entregue à minha incapacidade de ler fluentemente na língua de Cervantes, em tortura à porta do livro, rejeitada pela minha própria incapacidade de ir além das convencionais expressões coloquiais de orientação mundana. Nada pior do que ser-se rejeitado por um livro.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Hoje não é terça-feira?
Uma mulher passa dos quarenta, uma mulher anda no mundo, lê umas coisas, vê umas coisas, tem os olhos abertos, é naturalmente curiosa pelo universo em redor, e embora não descarte nunca a hipótese de ser surpreendida pela positiva e pela negativa, acontece com frequência nos dias que correm, vê-se de repentinamente apanhada de surpresa pela imbecilidade dos súbditos do tio Sam.
E para ler o resto, nada como ir ao PNETmulher.
E para ler o resto, nada como ir ao PNETmulher.
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Acabada de sair...
eis a mais recente receita sobre um dos livros que mais gosto e outra das cidades que me ficou na alma.
foto: minha
domingo, 26 de outubro de 2008
Coisas da alma
Cantado também por Omara Portuondo em Lisboa em homenagem ao grande Ibrahim Ferrer.
sábado, 25 de outubro de 2008
Dardos
Com o Prémio Dardos se reconhecem os valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc, que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras. Os selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web.
Quem recebe o “Prémio Dardos” e o aceita deve seguir algumas regras:
1 - Exibir a distinta imagem;
2. - Linkar o blog pelo qual recebeu o prémio
3. - Escolher quinze outros blogs a que entregar o Prémio Dardos.
Aqui fica o meu agradecimento à Teresa C., a primeira a premiar-me, e ainda à Dobra, à Nocas Verde, à Once, ao Foleirices, ao Tim James Booth e ao RegistosTC, que me estragam com mimos. E para cumprir as regras cá vão os nomeados, além dos supra citados a quem retribuo o Prémio com carinho:
Quem recebe o “Prémio Dardos” e o aceita deve seguir algumas regras:
1 - Exibir a distinta imagem;
2. - Linkar o blog pelo qual recebeu o prémio
3. - Escolher quinze outros blogs a que entregar o Prémio Dardos.
Aqui fica o meu agradecimento à Teresa C., a primeira a premiar-me, e ainda à Dobra, à Nocas Verde, à Once, ao Foleirices, ao Tim James Booth e ao RegistosTC, que me estragam com mimos. E para cumprir as regras cá vão os nomeados, além dos supra citados a quem retribuo o Prémio com carinho:
As Palavras dos Outros
Estrelas ao Vento
Lote 5-1ºDto
Crónicas das Horas Perdidas
Desconversa
No Cinzento de Bruxelas
Nocturno
A Senhora Sócrates
Porta do Vento
Vidas com música
Admito. Não foi de imediato que caí de amores por Havana. Cedendo há uns bons anos a mais um destino da moda, terei assim entrado no penúltimo ano do milénio, algures entre a chuva e o sol de Varadero. Frente fria, diziam eles. Muito pouco para quem aprecia mais que sol, céu límpido e águas cristalinas e não encontra em paraísos semelhantes, reservas de turistas rosados como leitõezinhos, o encanto pleno e compensação para as lentas, arrastadas, monótonas, insípidas e longas horas de avião na travessia do Atlântico. Em Havana apenas umas duas noites, um dia de clausura no hotel com algo que os cubanos apelidaram de catarro, muito pouco tempo, portanto, para deixar a cidade entrar em mim. Regressei resignada. Foi, pois, numa sessão da tarde numa sala tranquila de cinema que me reencontrei com o que havia perdido naqueles três dias a que os turistas estão condenados na sua condição. E, a sós na sala pequena com a tela que se abria como uma janela, entrei finalmente em Havana.
A história que conta Buena Vista Social Club é simples e conhecida. E que história contam os documentários, de resto? Vidas com música apagadas por um tempo passado e que lentamente se reencontram pela mão de Ry Cooder e a mestria de Wim Wenders. Os músicos outrora ilustres regressam do nevoeiro do esquecimento para encantar o mundo e cimentar o legado da música cubana. E, porque de um documentário se trata, ao contrário de Antes que anoiteça, a título de exemplo, o tempo é de recolhimento e de fruição da melodia, das vozes, dos sorrisos, da cor e do ritmo compassado da cidade decadente, nostálgica e surpreendentemente sedutora, do mar batendo no Malecón, sem juízos ou recriminações. Sentir primeiro. Buena Vista Social Club é uma viagem a uma das Havanas possíveis pela mão titubeante daquele grupo de músicos e uma viagem que os músicos encetam pela mão da sua própria música mundo fora com Ry Cooder e Wim Wenders a seu lado.
A história que conta Buena Vista Social Club é simples e conhecida. E que história contam os documentários, de resto? Vidas com música apagadas por um tempo passado e que lentamente se reencontram pela mão de Ry Cooder e a mestria de Wim Wenders. Os músicos outrora ilustres regressam do nevoeiro do esquecimento para encantar o mundo e cimentar o legado da música cubana. E, porque de um documentário se trata, ao contrário de Antes que anoiteça, a título de exemplo, o tempo é de recolhimento e de fruição da melodia, das vozes, dos sorrisos, da cor e do ritmo compassado da cidade decadente, nostálgica e surpreendentemente sedutora, do mar batendo no Malecón, sem juízos ou recriminações. Sentir primeiro. Buena Vista Social Club é uma viagem a uma das Havanas possíveis pela mão titubeante daquele grupo de músicos e uma viagem que os músicos encetam pela mão da sua própria música mundo fora com Ry Cooder e Wim Wenders a seu lado.
Ainda sobre Havana um texto antigo repescado.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Havana
Uma das cidades que mais gosto descrita de forma ímpar pela alma, um privilégio ter quem desconversa assim.
foto: minha
foto: minha
Receita em confecção
Peguei nos livros, juntei as letras e as palavras, envolvi com cuidado na alma e verti com deslevo em frases. O resultado foi este. Voltarei assim que a próxima estiver no forno.
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
terça-feira, 21 de outubro de 2008
É terça-feira
e desta vez deu-me para andar de braço dado com Kafka no PNETmulher.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Say it with flowers
Exactamente como foi não me lembro. Sei que terei ido passear por aí, numa época em que havia mais lágrimas dos que sorrisos e que, entre os primeiros, terei dado com o blogue curioso. Gostei da cor, do nome, dos posts despretenciosos e acutilantes, do sentido de humor e dos gadgets, caramba, mulher, onde vais descobrir tais coisas?, tornei-me assídua e agora sou fã. Como não tenho presentinho à mão aqui ficam estas flores do meu jardim para dar os parabéns à Carlota que comemora hoje três anos blogosféricos.
domingo, 19 de outubro de 2008
sábado, 18 de outubro de 2008
Fitas
Fiquei perplexa e sem palavras quando ontem à noitinha li este post do Paulo Cunha Porto. Se por um lado o Corta-fitas ficará mais pobre sem o Paulo, por outro não deixo de admirar como é que acontece algo assim.
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Mudança de visual
Como podem reparar o Curva da Estrada mudou de aspecto. O miolo continuará igual a si mesmo.
Sem correrias
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Dá-me o Magalhães já
Depois do espectáculo do dá-me o telemóvel já, surgiu outro de grande qualidade cénica. A um grupo de professores numa acção de formação para a generalização do Magalhães foi proposto que fizessem canções de louvor à máquina, a menina dos olhos de ouro de Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues. Deu este resultado . Não sei se ria ou se chore.
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Promessas...
Ao contrário do prometido hoje não há conversas profundas mas há uma crónica fresquinha no PNETmulher. Ora ide lá ver e ler.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Nacos de prosa (4)
Assola o país uma pulsão coloquial que põe toda a gente em estado frenético de tagarelice, numa multiplicação ansiosa de duos, trios, ensembles, coros. Desde os píncaros de Castro Laboreiro ao Ilhéu de Monchique fervem rumorejos, conversas, vozeios, brados que abafam e escamoteiam a paciência de alguns, os vagares de muitos e o bom senso de todos. O falatório é causa de inúmeros despautérios, frouxas produtividades e más-criações.
Fala-se, fala-se, fala-se, em todos os sotaques, em todos os tons e decibéis, em todos os azimutes. O país fala, fala, desunha-se a falar, e pouco do que diz tem o menor interesse. O país não tem nada a dizer, a ensinar, a comunicar. O país quer é aturdir-se. E a tagarelice é o meio de aturdimento mais à mão.
Fala-se, fala-se, fala-se, em todos os sotaques, em todos os tons e decibéis, em todos os azimutes. O país fala, fala, desunha-se a falar, e pouco do que diz tem o menor interesse. O país não tem nada a dizer, a ensinar, a comunicar. O país quer é aturdir-se. E a tagarelice é o meio de aturdimento mais à mão.
Mário de Carvalho, Fantasia para dois coronéis e uma piscina.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Emprego procura-se
Mulher de quarenta e três anos de idade, vinte e um anos de ensino, onze de formação de professores, sete dos quais numa instituição de ensino superior, cansada dos autos-de-fé da profissão docente, de salas de professores, de jogos de bastidores e de ditadorzinhos mascarados, procura emprego longe de tudo isso, onde seja respeitada por aquilo que faz.
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Dêem as re-boas-vindas, por obséquio
Foi no Corta-fitas que tive a óptima notícia de que o Bandeira tinha regressado à blogosfera. A tua ausência foi notada, Zé, fico feliz por te podermos ver por cá.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Dez anos de Prémio Nobel da Literatura
Se Deus, que lá do alto, vê tudo, vê tudo assim tão mal, então mais lhe valia andar cá pelo mundo, por seu próprio e divino pé, escusavam-se intermediários e recados que nunca são de fiar, a começar pelos olhos naturais, que vêem pequeno ao longe o que é grande ao perto, salvo se usa Deus um óculo como o do Padre Bartolomeu Lourenço.
José Saramago, Memorial do Convento
foto: minha
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Hoje é terça-feira,
não há teaser,
mas há crónica no PNETmulher.
mas há crónica no PNETmulher.
Espreitai e opinai.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Frampton comes alive
A trunfa não pode esperar. Faço-me ao caminho logo depois do almoço, a pé rua acima entre uma ventania furiosa, atravessa-se-me uma sapataria ao caminho, caio por uns sapatinhos, faltava-me aquela cor, já se sabe, e entro expectante na cabeleireira. Lá dentro espera-me uma mulher imensa, caso não gostasse tanto de Botero, recomendar-lha-ia para modelo dos seus quadros, rapariga na antecâmara dos entas, sem grandes falas e muito menos sorrisos aplica-se na tarefa de me cortar o cabelo. Acompanhava-a um jovem canastrão, não havia que enganar, primeiro percorreu a sala, depois sentou-se a deglutir a novela como quem sorve Coca-Cola, e quando ultrapassados os preliminares, a maga das tesouras, a matrona dos bigodis se aproxima de tesoura em punho, enceta com o jovem canastrão a conversa mais adequada que se pode ter quando se corta o cabelo a uma professora Então, hoje já tiveste Filosofia? Arremessa a matrona ao canastrão. O canastrão responde Não. A professora está a faltar. A matrona insiste. Então quantas aulas tiveste? O canastrão diz que não quer saber. A matrona diz que ele devia saber, o mal será para ele. O canastrão diz Os professores de Filosofia são todos malucos. Aquela também. Eu penso Mando-os bardamerda ou faço-me surda? Não os posso mandar bardamerda. Mando-os bardamerda ou faço-me surda? Mando-os bardamerda ou faço-me surda? Mando-os bardamerda. Faço-me surda. Mando-os bardamerda ou faço-me surda? Fiz-me surda e não os podia mandar bardamerda. A conversa continua lampeira. A professora de Filosofia está muito bem e depois começa aos gritos. É maluca. Tendo em conta que a minha surdez foi coisa passageira e que não podia levantar-me e ir-me embora com o cabelo meio cortado meio por cortar, também por isto detesto cabeleireiros, dentistas e ginecologistas, adverti o canastrão sem demora Claro, os professores é que são todos malucos porque vocês, coitadinhos, são uns santos e nunca fazem nada nem dizem nada. Os professores é que são doidos. O canastrão calou-se de imediato, continuou a sorver a novela, a matrona continuou nas suas artes de bem cortar cabelos e tudo o que lhe apareça à frente e eu a pensar que aquela foi a primeira e última vez que recorri aos seus préstimos. Saí de lá mais parecida com o Michael Bolton depois de ter cortado o cabelo, menos parecida com o Carlos Santana, já bem distante do Marquês de Pombal e, tal como Peter Frampton resisti às investidas da matrona e do canastrão, mas digam-me que não tenho razão em apelar ao regresso urgente do meu querido cabeleireiro mineiro.
domingo, 5 de outubro de 2008
Nacos de prosa (3)
You’re on your own in the classroom, one man or woman facing five classes everyday, five classes of teenagers. One unit of energy against one hundred and seventy-five units of energy, one hundred and seventy-five ticking bombs, and you have to find ways of saving your own life. They may like you, they may even love you, but they are young and it is the business of the young to push the old off the planet.
Frank McCourt, Teacher Man.
no Dia Internacional do Professor
sábado, 4 de outubro de 2008
Momento sitemeter (13)
Uma criatura acede ao seu contador de visitas, olha aqui e acolá, e de repente os olhos param atónitos. Não havia mais nada para procurarem se não exemplo de objectivos pessoais de professores? A uma sexta-feira pelas vinte e duas horas e dois minutos? É sexta-feira, por amor de quem lá têm, ide beber um copo, falar com os respectivos, descontrair.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Tende piedade de mim
Num dia de aflição recorri ao cabeleireiro da aldeia. O cabeleireiro da aldeia é como quase todos os cabeleireiros, com a diferença de que é da aldeia e na aldeia, sendo menos os habitantes do que na cidade, é tranquilo e sossegado, frequentado com mais clientela em dias de festa e de missa.
No dia em que fui ao cabeleireiro da aldeia tive uma revelação que mudou a minha vida: pela primeira vez em longos anos de existência capilar abundante tive alguém que não refilou do meu cabelo, não me deixou com um lado mais comprido do que outro, não me afogou a trunfa em produtos milagrosos contra os males de que todas as mulheres sofrem assim que põem pé nesses altares de sacerdotisas dos bigodis, já não há, eu sei, mas dá-me jeito aqui na escrita e gosto da palavra bigodis. As magas das mises, as papisas do brushing não perdem uma oportunidade para comercializar a sua mercadoria mágica, capaz de operar maravilhas, milagres capazes de amedrontar o Vaticano. Eu própria testemunhei a epifania destas práticas poderosas quando um dia as madeixas vermelhas desbotaram na primeira lavagem ou no dia em que indo pôr uma tinta no cabelo me deixaram com uma tarja negra na testa que me obrigou ao recolhimento durante dias ou ainda no dia em que a cabeleireira me deixou o cabelo bem mais curto do que havia desejado e pedido. Este episódio teve sequelas naturalmente, varias temporadas com vários episódios e, qual Sansão, fiquei diminuída e infeliz.
No dia em que fui ao cabeleireiro da aldeia a minha vida mudou. Fui recebida com o falar doce de um mineiro que, ao contrário de me arremessar com considerandos vários sobre a dificuldade de manusear a cabeleira, alardear soros, espumas e outros produtos viscosos de última geração, deitou mãos ao trabalho e fez aquilo que sempre desejei: cortou-me o cabelo de forma eficiente e profissional.
Cansado, porém, dos penteados dominicais, o cabeleireiro decidiu abandonar o beatame e fez-se à vida para lá da aldeia não sem antes avisar a clientela fiel, eu incluída, naturalmente. Passou a atender em casa, sem luxos, assim me avisou no primeiro dia que lá fui Olha, não tenho luxo para te oferecer, só o meu trabalho, que já se sabe é logo meio caminho andado para o coração, sou rapariga muito sensível a gente genuína e continuei a ser cliente assídua. Há técnicas de fidelização irresistíveis.
E agora o problema: o meu cabeleireiro encontra-se ausente. Meu deus, tende piedade desta descabelada infeliz, voltará? Estou com uma trunfa que mais pareço o Peter Frampton, temo transformar-me no Kenny G, a continuar assim ainda vou parecer o vocalista dos Europe, e sem ele, o meu rico cabeleireiro, o que farei? Ó deus, tende piedade de mim.
No dia em que fui ao cabeleireiro da aldeia tive uma revelação que mudou a minha vida: pela primeira vez em longos anos de existência capilar abundante tive alguém que não refilou do meu cabelo, não me deixou com um lado mais comprido do que outro, não me afogou a trunfa em produtos milagrosos contra os males de que todas as mulheres sofrem assim que põem pé nesses altares de sacerdotisas dos bigodis, já não há, eu sei, mas dá-me jeito aqui na escrita e gosto da palavra bigodis. As magas das mises, as papisas do brushing não perdem uma oportunidade para comercializar a sua mercadoria mágica, capaz de operar maravilhas, milagres capazes de amedrontar o Vaticano. Eu própria testemunhei a epifania destas práticas poderosas quando um dia as madeixas vermelhas desbotaram na primeira lavagem ou no dia em que indo pôr uma tinta no cabelo me deixaram com uma tarja negra na testa que me obrigou ao recolhimento durante dias ou ainda no dia em que a cabeleireira me deixou o cabelo bem mais curto do que havia desejado e pedido. Este episódio teve sequelas naturalmente, varias temporadas com vários episódios e, qual Sansão, fiquei diminuída e infeliz.
No dia em que fui ao cabeleireiro da aldeia a minha vida mudou. Fui recebida com o falar doce de um mineiro que, ao contrário de me arremessar com considerandos vários sobre a dificuldade de manusear a cabeleira, alardear soros, espumas e outros produtos viscosos de última geração, deitou mãos ao trabalho e fez aquilo que sempre desejei: cortou-me o cabelo de forma eficiente e profissional.
Cansado, porém, dos penteados dominicais, o cabeleireiro decidiu abandonar o beatame e fez-se à vida para lá da aldeia não sem antes avisar a clientela fiel, eu incluída, naturalmente. Passou a atender em casa, sem luxos, assim me avisou no primeiro dia que lá fui Olha, não tenho luxo para te oferecer, só o meu trabalho, que já se sabe é logo meio caminho andado para o coração, sou rapariga muito sensível a gente genuína e continuei a ser cliente assídua. Há técnicas de fidelização irresistíveis.
E agora o problema: o meu cabeleireiro encontra-se ausente. Meu deus, tende piedade desta descabelada infeliz, voltará? Estou com uma trunfa que mais pareço o Peter Frampton, temo transformar-me no Kenny G, a continuar assim ainda vou parecer o vocalista dos Europe, e sem ele, o meu rico cabeleireiro, o que farei? Ó deus, tende piedade de mim.
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Ainda...
não
é
agora
que
há
textos,
conversas,
crónicas
ou
histórias.
Voltarei
assim que consiga
pensar
e
respirar
e
escrever.
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
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